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Coluna 154: S.Bento do Una, um breve passeio ao longo de sua história (11)

Publicada dia 25 de Outubro de 2008

S.Bento do Una, um breve passeio ao longo de sua história (11)

A FREGUESIA DE SÃO BENTO (CONTINUAÇÃO)

A diocese de Garanhuns foi criada por bula do papa Bento XV datada de dois de agosto 1918. Apenas a título de curiosidade, nesta mesma data seria criada a diocese de Nazaré da Mata. Ambos os territórios das novas dioceses foram desmembrados da Arquidiocese de Olinda e Recife cuja mudança de denominação já havia sido objeto de bula assinada dias antes, isto é, em 26 de julho de 1918 pelo mesmo pontífice romano.

O primeiro bispo de Garanhuns foi dom João. Ele fez sua primeira visita pastoral à paróquia de São Bento no dia 21 de setembro de 1920, uma terça-feira. Tal fato se deu antes de o prelado completar um ano à frente da nova diocese. Segundo seu próprio relato, a viagem foi agradável e ele e sua comitiva fizeram o trajeto a cavalo, passando por Calçado que na época pertencia eclesiasticamente a São Bento. Nesse então povoado, a comitiva diocesana fora recebida festivamente com girândolas e salvas de fogos de artifício e vivas entusiasmados da população, pois que se tratava de um acontecimento sem precedentes a passagem de um dignitário pela localidade. A família do homem mais bem aquinhoado, José Alexandre da Silva, hospedou todos, oferecendo-lhes as mais finas iguarias.

Em prosseguimento, a comitiva seguiu para a fazenda Salobro visitando a pequena e graciosa capela, já nas vizinhanças dos limites da paróquia de Altinho, que na época fazia parte da Arquidiocese de Olinda e Recife. No seu relato, dom João disse que foi recebido com simplicidade e muita correção na casa de residência de dona Tereza Francisca da Conceição, tendo se comovido com o espírito profundamente cristão daquela gente que afluía em verdadeiras multidões pelas estradas de diversas direções.

Prosseguindo a viagem, em direção à paróquia de São Bento, a comitiva episcopal passou pelo então povoado de Lajedo, onde foi recepcionada com expressiva alegria, ocasião em que fez descanso na casa de João Carneiro que ofereceu fidalgo lanche. Nessa época, a igreja de Lajedo ainda se achava em construção, faltando o reboco da fachada e limpeza geral.

Às duas horas da tarde, de Lajedo, dezesseis pessoas, em automóvel, partiram para São Bento e fizeram uma pequena parada em Olho d´Água dos Pombos, onde a comitiva visitou a capelinha repleta de gente e toda enfeitada.

Por volta das cinco e meia da tarde, já na entrada da cidade de São Bento, a comitiva apeou "para em solene préstito sob festivas girândolas e bela marcha da Banda Musical" atravessar "as ruas de São Bento, asseadas e engalanadas de flores e festões com que estes queridos diocesanos recebiam o seu bispo".

Já em f rente à casa paroquial, onde a multidão se apinhou, saudando o bispo e sua comitiva, usou a palavra o dr. Manoel CiriloWanderley, juiz de direito da Comarca são-bentense. Segundo o relato de dom João, "muitas almas generosas corresponderam à graça que lhes chovia dos céus".Inúmeras foram as manifestações de apreço do povo e das autoridades entre elas o promotor de justiça, Dr. Fortunato Guimarães. Pela Sociedade de São Vicente, o professor Napoleão Cunha pronunciou magnífico discurso que emocionou sobremodo o bispo que se sentiu em casa, tamanha foi a recepção do povo bom e ordeiro de São Bento.

Inspecionando as instalações do paróquia, dom João disse que encontrou "tudo em ótimo estado" com a Matriz limpa e reformada, acrescentando que o templo "ostenta-se decente e motiva justos aplausos à ação do reverendíssimo vigário". E o relatório episcopal termina com estas palavras eivadas de sinceridade e de alegria em relação ao trabalho desenvolvido pelo oitavo pároco titular da paróquia de São Bento: "Com o coração nas mãos,consignamos nossos vivos aplausos ao (...) vigário Francisco de Luna; juntando o nosso grande reconhecimento pelo agasalho confortável e carinhoso que nos dispensou. Com muito afeto erguemos nossa destra para abençoar a paróquia e o povo de São Bento, de quem saímos cativos e saudosos".

O relatório do primeiro bispo de Garanhuns é bem claro e através dele podemos sentir o clima e a religiosidade da época, a saudação, nessas ocasiões especiais, tanto do juiz como do promotor, a religiosidade do povo e a fidalguia da nossa gente em receber nossos visitantes, especialmente quando esta é uma destacada autoridade, ocasião em que nossa hoje mais do que sesquicentenária Banda Santa Cecília toca emocionantes marchas. Não apenas o templo, mas toda a cidade estava asseada e decorada de flores. Nesta ocasião, fazemos questão de frisar que o prefeito de São Bento era Adalberto de Oliveira Paiva, que havia recebido a prefeitura das mãos do seu pai, Rodolfo Monteiro Paiva, e que cumpriu o seu primeiro mandato de 1° de março de 1919 a 02 de agosto de 1922.

O bispo João ficou deveras impressionado com o trabalho pelo pároco Francisco de Luna Sobrinho tanto na parte espiritual como na administrativa. Tanto isso é verdade que o padre Luna no 26 de janeiro de 1921 deixou nossa paróquia para assumir outra mais importante, a de Santo Antônio de Garanhuns, a principal da nova diocese que tem por templo a catedral, onde o bispo reza a missa.

Nesse mesmo dia, por provisão do bispo diocesano, o padre Luna passou a paróquia de São Bento a frei Fernando Obendorbech que ficou como encarregado até a chegada do nono vigário, padre João Firmino Cabral de Andrade, que veremos no próximo ensaio.

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(Continuaremos na próxima semana)

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Fotos de São Bento: www.orlandocalado.flogbrasil.terra.com.br

Pau Amarelo PE 25 de outubro de 2008

Orlando Calado é bacharel em direito.

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