Coluna 07 - Justiça a Campineiro
Publicada dia 12 de Outubro de 2003

Justiça a Campineiro

A omissão do nome de Campineiro, na relação dos cavalos famosos de São Bento, custou ao autor dessas mal-traçadas, uma série de protestos, todos compreensivelmente acatados face à legitimidade dos mesmos. Resta-me, no entanto, a desculpa de não ter conhecido Campineiro. Quando esse magnífico animal, o maior fenômeno turfístico são-bentense de todos os tempos, dominava as pistas da região, de caba a rabo, segundo testemunho dos nossos antigos "pradistas", eu, de tão pequeno não sabia apreciar, ainda, as delícias do meu torrão natal.

Como o meu pedido de desculpas foi pouco para aplacar a "ira" do "fã clube" de Campineiro, saí por aí pedindo subsídios, a um e a outro para falar um pouco sobre esse maravilhoso animal, que foi de fato e de direito, a glória maior do turfe de São bento de anteontem.

Para início de conversa, a linhagem de Campineiro sempre foi uma incógnita. Seu porte pouco avantajado não condizia com a sua espantosa velocidade. Talvez essa fosse sua principal vantagem. Vendo-o assim tão pobre de qualidades físicas, sem os sinais característicos de velocista, os proprietários dos seus oponentes, principalmente os de fora de São Bento, não o temiam até o dia em que começavam a engolir poeira dos cascos do fenomenal corredor.

Major Candinho de Brito - Fábricas Peixe -, milionário viajado, possuidor de excelentes cavalos de corrida, puros de raça, levou com os seus melhores animais, tremendas "surras" de campineiro que, com sua incrível velocidade, não tomava conhecimento de adversários, viessem de onde viessem. Se campineiro falasse, teria dito como Zé Bico: "Eu sou de Sombento e ninguém muda meu gênio!"

Campineiro pertencia ao criador de cavalos Enéas de Almeida pai de Elias do bilhar.

Animal dócil - o tratador bastava mostrar-lhe o cabresto -, tinha nas crianças uma verdadeira legião de admiradores. Morreu aos trinta e um anos, no sítio de um antigo tratador, cercado do carinho que todo ex-campeão merece.

Se Campineiro fosse um animal de hoje, eu certamente lhe daria o voto para senador. Na Roma antiga, Incitatus, cavalo predileto de Calígula, foi eleito senador da república. Não creio que Incitatus fosse mais merecedor do que Campineiro. Né não?

Esta crônica é dedicada aos meninos Anito, Alípio, Nelson e Petronilo, eternos fãs de Campineiro.


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