Coluna 208: Apolônio Sales, estadista brasileiro, o homem que tirou o Nordeste das trevas |
Publicada dia 16 de Junho de 2013 |
O Nordeste brasileiro muito deve a um brasileiro chamado Apolônio Jorge de Farias Sales, natural de Altinho na ribeira do rio Una. Ministro da Agricultura do presidente Getúlio Dorneles Vargas, Apolônio foi o idealizador da Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco (CHESF) que nos libertou de velhos motores que não funcionavam o dia todo.
Antes da chegada da energia de Paulo Afonso, no fim dos anos 50 do século 20, nossa São Bento do Una era um breu nos dias sem a lua para nos alumiar. O motor comprado de Pesqueira pelo prefeito José Cadete não deu certo, pois só vivia quebrado e sem peças de reposição. O motor velho que já veio usado da vila de Belo Jardim, em 1925, estava tão cansadinho que a gente enfiava uma faca de mesa entre o bocal e a rosca da lâmpada para tomar ridículos choques elétricos.
O modernoso motor Caterpillar, de cor amarela,como auxiliar dos outros motores, não dava conta do recado e também tinha problemas de manutenção. Esse motor Caterpillar era a alegria dos meninos de São Bento, pois foi montado bem próximo à calçada e como produzia forte ventania nós, meninos, levávamos "cata-ventos" para ser impulsionados pela dita ventania. A aglomeração em frente ao prédio do motor era grande e o velho João Virães sempre bronqueava como a meninada que se divertia com seus ingênuos e pobres brinquedinhos que em nada atrapalhava a performance do motor.
A energia elétrica só chegava às residências do centro da cidade e de maneira precária não obstante o desvelo do eletricista João Virães e de seu fiel escudeiro, o saudoso Margareto.
A iluminação pública não existia porque se dava preferência à iluminação das residências e das poucas casas comerciais. Foram anos e anos a fio de noites escuras, mas como não havia ladrões nem malfeitores, em São Bento, a gente podia andar tranquilamente com uma lanterna, frequentar o Bar Lux Bar, de Jefferson Raimundo e de lá partir para as improvisadas serenatas.
Concluindo, podemos afirmar sem nenhum receio, Apolônio Sales foi um grande nordestino que teve a capacidade e o alto tirocínio de estruturar uma companhia de eletricidade estatal que consideramos a maior obra regional nordestina de todos os tempos.
Nós, nordestinos, somos muito gratos ao Dr. Apolônio, considerado o homem mais feio do Brasil na sua época de senador federal por Pernambuco.
Um busto dele deveria ser erigido em todas as principais praças de todas as cidades nordestinas servidas pela CHESF.
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P.S:
O Dr. Apolônio Sales deveria ser louvado neste nosso Nordeste.
É pena que nossa história seja muito pouco estudada e esse pessoal jovem quase nada sabe sobre os nossos grandes vultos.
A CHESF foi o maior empreendimento que muito nos beneficiou e continua a nos beneficiar com energia elétrica de excelente qualidade gerada pelas águas benignas do nosso amado Rio de São Francisco.
Que venha a transposição das águas são-franciscanas, que venha a Transnordestina. Que venha a Refinaria Abreu e Lima. O progresso virá em breve beneficiando todos os nossos estados do Maranhão à Bahia.
Em inúmeras cidades nordestinas, pelas quais passei, há estátuas do padre Cícero Romão Batista e nenhuma do homem que tirou o Nordeste brasileiro das trevas.
Nada contra Cícero.