A trajetória de Alceu Valença
O cantor e compositor Alceu de Paiva Valença nasceu
em 1º de julho de 1946, em São Bento do Una, nos limites do sertão com
o agreste pernambucano. É considerado um artista que atingiu maior equilíbrio
estético entre as bases musicais nordestinas com o universo dos sons elétricos
da música pop. Influenciado pelos negros maracatus, cocos e repentes de
viola, Alceu conseguiu utilizar a guitarra, - que chegou a galope montada
nas costas do rock'n'roll de Elvis - com baixo elétrico e, mais tarde,
com o sintetizador eletrônico nas suas músicas.
Por conta disso, conseguiu dar nova vida
a uma gama de ritmos regionais, como o baião, coco, toada, maracatu, frevo,
caboclinhos e embolada e repentes cantados com bases rock'n'roll. Sua
música e seu universo temático são universais, mas a sua base estética
está fincada na nordestinidade.
O envolvimento de Alceu com a música começa
na infância, através dos cantadores de feira da sua cidade natal. Jackson
do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês, três dos principais irradiadores
da cultura musical nordestina, foram captadas por ele pelos nostálgicos
serviços de alto falantes da cidade. Em casa, a formação ficou por conta
do avô, Orestes Alves Valença, que era poeta e violeiro. Aos 10 anos vai
para Recife, onde mantém contato com a cultura urbana, e ouve a música
de Orlando Silva, Dalva de Oliveira alternado com o emergente e rebelde
ritmo de de Little Richard, Ray Charles e outros ícones da chamada primeira
geração do rock'n'roll.
Recém-formado em Direito no Recife, em
69, desiste das carreiras de advogado e jornalista -trabalhou como correspondente
do Jornal do Brasil- e resolve apostar no talento e na sensibilidade artística.
Em Recife, a profusão de folguedos vindos
de toda as regiões do estado, notadamente no carnaval, onde até hoje os
grupos se confraternizam, seria decisiva na solidificação de uma das mais
febris personalidades da música brasileira. Inerente a sua obra, o sentido
cosmopolita de fazer arte, de forma direta e que refletisse a sua vivência
e bagagem cultural de homem nordestino, sua história, seu povo e as novidades
da música. A partir daí, o mago de Pernambuco amadurece a idéia de colocar
a guitarra, e o teclado nessas vertentes da música da sua região.
A atitude em si não é novidade à medida
que os tropicalistas já tinham fundido o baião de Luiz Gonzaga com as
guitarras. Alceu, entretanto foi mais fundo: pesquisou duplas de emboladores
como Beija Flor e Treme Terra, Geraldo Mouzinho e Caximbinho, se embolou
com os maracatus de Pernambuco, bebeu na fonte dos aboios mouriscos, dos
pífanos, rabecas e pandeiros, cozinhou tudo na panela do rock e o resultado
é uma obra atemporal, de qualidade.
Em 71, vai para o Rio de Janeiro com o
amigo e incentivador Geraldo Azevedo. Começa a participar de festivais
universitários, como o da TV Tupi com a faixa Planetário. Nada acontece.
Nem uma classificação, pois a orquestra do evento não conseguiu tocar
o arranjo da música.
No ano seguinte estréiam com o LP, "Alceu
Valença e Geraldo Azevedo" que não repercute. O trabalho, apesar
de mal gravado, expressa o potencial criativo de duas das mais proeminentes
figuras do showbusiness nacional. Destaque para as músicas Seis Horas
e Planetário, ambas de Alceu Valença, e Mister Mistério, de Geraldo Azevedo.
Depois de dois anos de muito trabalho,
Alceu Valença não tinha conseguido alcançar uma projeção dentro da música
popular brasileira. Em 74, o cantor e cineasta Sérgio Ricardo o convida
para trabalhar no papel principal do seu filme "A Noite do Espantalho",
filmado em Nova Jerusalém, em Pernambuco. O filme reza na catecismo do
cinema cordélico, inaugurado pelo baiano Glauber Rocha em "Deus e
o Diabo na Terra do Sol", de 1964. Diálogos recitados e músicas intercaladas.
Alceu Valença se destaca, numa interpretação lisérgica do Espantalho.
Ainda nesse ano participa da trilha sonora
da novela O Espigão, da Rede Globo. O rock-baião Retrato em 3X4, na qual
um desesperado eu poético pede a sua musa: rasgue o meu retrato 3x4 que
eles querem pintar o sete com você.
Esta música marca a consolidação de uma
sonoridade e de uma alquimia timbrística única na história da música feita
no Brasil: o trio Paulo Rafael (guitarra e viola), Zé da Flauta (pife
e flauta) e Israel Semente Proibida (bateria e percussão), além da colaboração
de Lula Côrtes (tricórdio) compõem a espinha dorsal do som que iria consagrar
Valença e resultar em colaborações entre estes músicos que se estendem
até os dias de hoje.
Em 74, grava pela Som Livre o seu primeiro
álbum-solo, "Molhado de Suor", que tem o côco elétrico Papagaio
do Futuro, defendida por Alceu e Jackson do Pandeiro no Festival Internacional
da Canção (Fic) em 72. Outro destaque é o lamento-rock Punhal de Prata
com os clássicos aboios-gemidos psicodélicos aboios que tem os clássicos
aboios em estilo mouro-sertanejo adequado à estética e métrica do rock
setentista com a utilização de guitarra, baixo, bateria e arranjo de cordas.
O disco, apesar de habitar no limbo - terreno fecundo onde vivem as verdadeiras
raridades da nossa música- é um marco na fusão do rock com sonoridade
mouro-nordestinas. Em 75,o long playing é relançado com a inclusão da
música Danado pra Catende substituindo Chutando Pedras.
Restrito inicialmente ao público universitário,
Alceu Valença é sucesso entre a crítica especializada, mas não do grande
público no Brasil. Nos dois anos seguintes, Alceu leva o show "Vou
danado pra catende" para diversas capitais no país e ele grava alguns
shows que resultam no LP "Vivo".
Tido por alguns críticos como o ponto
alto da criatividade e psicodelia de Alceu Valença, o "Vivo"
faz referências a crendices populares -Casamento da Raposa com Rouxinol.
Em Edipiana nº 1, homenageia sua progenitora: "Mamãe, eu ontem passei
mal e me lembrei de você mamãe, meu cabelo avoou minhas marcas digitais
sei lá, sei lá mãe. A banda que participou desse show traz Paulo Rafael
(guitarra), Zé da Flauta (flauta e pife ) (link interno ), Zé Ramalho
(viola nordestina),Israel (bateria e percussão) e Dicinho (baixo). No
início da temporada no Rio de Janeiro, em 75, pela falta de público nas
primeiras apresentações, Alceu saiu vestido de "homem sanduíche",
conclamando o povo nas ruas para assistir o seu show. A atitude propagandística
funcionou e a temporada teve relativo sucesso.
Em 77, Alceu grava ainda pela Som Livre
o álbum "Espelho Cristalino" que reforça a fusão definida pela
crítica da época como de "rock nordestino". É um disco mais
lírico, menos pulsante que seus trabalhos anteriores. A faixa-título tem
um refrão adaptado do folclore alagoano ("mas, eu tenho um espelho
cristalino que uma baiana me mandou de Maceióele tem uma luz que me alumia
ao meio-dia clareia a luz do sol).
Em 78, realiza um turnê conjunta com seu
ídolo, Jackson do Pandeiro, por diversas cidades do Brasil. Seu primeiro
vôo internacional se dá em 79, quando vai a França para tentar conseguir
maior receptividade do seu trabalho. Empreeitada definida por Valença
como de "exílio cultural", consegue boa penetração em festivais
de folk music, tendo êxito também na Espanha e Suíça. Nos shows é acompanhado
por Paulo Rafael, Zé da Flauta e do percussionista Fernando Falcão. Consegue
gravar pela gravadora francesa, Society France de Produción, o álbum "Saudade
de Pernambuco" (lançado no Brasil em formato CD em 98).
O trabalho ressalta a tradição dos cantadores
nordestinos sob o acompanhamento de viola, villão e flauta. Antes de retornar
para apresentar o novo trabalho ao público brasileiro, consegue que o
LP "Espelho Cristalino" seja editado no mercado francês. Na
virada da década de setenta para a de oitenta, a música popular brasileira
derivada da matriz nordestina é sucesso com Amelinha, Zé Ramalho, Fagner,
Ednardo e Geraldo Azevedo. Para a década seguinte, o rei do baião, Luiz
Gonzaga fez uma profecia.
Determinado a conquistar de vez o mercado
nacional, Alceu grava, em 80, pela BMG Ariola, o LP "Coração Bobo"
que tem a faixa-título (música que foi defendida pelo homenageado em Festival
da Tupi em 79), uma embolada em homenagem a Jackson do Pandeiro que viria
a falecer em 82. O LP consegue lhe dar boa projeção conseguindo seu primeiro
disco de ouro pela vendagem de mais de 100 mil cópias. Outro destaque
do LP, o xote "Cintura Fina", um verdadeiro convite para a dança
de autoria de Luiz Gonzaga e Zé Dantas. A sua banda se fixa desse momento
até o ano de 85 em torno da formação baixo-guitarra-bateria-flauta-sanfona-percussão-teclados.
No ano seguinte, Alceu lança "Cinco
Sentidos" que reforça seu estilo de MPB nordestina eletrizada. Neste
album coloca a sanfona para dialoguar com a guitarra elétrica. Este instrumento,
Alceu Valença sempre fez questão de ressaltar que o utilizou na sua música
com timbres que se assemelhassem com a sonoridade de uma banda de pífanos.
Para puxar o fole, ninguém menos que Severo, sanfoneiro de Jackson do
Pandeiro.
"Os que passaram pelos meus
olhosmoças lindasruas sem fimOlinda, cheiro de jasmim...a voz do rádio,
cantava o autor na faixa título. Alceu Valença reúne no álbum seguinte,
"Cavalo de Pau", editado em 82, canções que tomam todos os ritmos
nordestinos como uma cultura a ser recriada, linguagem a ser refundida
e a sua estética modificada. Simplesmente, não quer repetir as geniais
descobertas musicais de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro pautadas no
básico vértice do triângulo, zabumba e sanfona. O disco foi um sucesso
estrondoso no país, levando Alceu a alcançar definitivamente o público
das FMs de norte a sul do Brasil.
O álbum "Cavalo de Pau" traz
o mega hit Tropicana,um xote-reggae feito em homenagem ao poeta João Cabral
de Melo Neto que puxou as vendagens do album até a marca de 700 mil cópias.
Dentre os convidados do disco destaca-se o percussionista pernambucano
Naná Vasconcelos que já era conhecido do público brasileiro desde os anos
70 quando colaborou com Fagner no Festival Phono 73. Na embolada "Rima
com Rima"; musicou um texto do poeta pernambucano Ascenso Ferreira,
"Maracatu" , imitando o que tinha feito em 75, quando musicou
o poema "Trem das Alagoas" que ele citava "Vou danado pra
catende" e ganhou o Festival Abertura, promovido pela Rede Globo.
"Pelas ruas que andei",
costura com a linha do lirismo os nomes das ruas de Recife sob uma base
de maracatu (dedicada ao poeta Manoel Bandeira). Ainda esse ano, representou
o Brasil no Festival de Montreux e no Nyon Folk Festival, na Suíça.
Já afirmado no primeiro escalão da Música
Popular Brasileira, Alceu elabora , em 83, o álbum "Anjo Avesso"
que discorre sobre os arquétipos, catedrais e mistérios da cidade de Olinda
onde passou a residir desde 80. Nesse trabalho, segue sua intuição e continua
a universalizar caicos que estaria repesentada pela linguagem original
usada nas suas canções. Para ele, não bastava eletrificar um baião sem
acrescentar uma personificação em termos de interpretação, timbres, etc.
No show intitulado "Anjo Avesso -
o mamulengo Querubim apresenta: Alceu Valença" recuperou no palco
as manifestações populares numa visão universalizante, sintetizando as
manifestação profanas e religiosas nordestinas além de fazer referêwnmcias
a lendas brasileiras como a Caipora( link externo - wwwjangadabrasil.com.br).
O teatro de bonecos nos autos nordestinos foi utilizado pela primeira
vez pelos jesuítas como instrumentos de catequese, mas logo ganhou gosto
popular passando a expressar alegrias e angústias inerentes a seu cotidiano.
Estão presentes: Marim dos Caetés (Caetés
é o antigo nome da cidade dado pelos índios); os sucessos Anunciação,
Rouge Carmim e Anjo Avesso; além do maracatu Balança Coreto; e o xote
Escorregando no pífano, parceria com Zé da Flauta que homenageia velhos
chefes de pastoris como Faceta e Cebola.
No show, Alceu intesificou sua influência
do teatro popular e interpreta sua persona, "O véio Quiabo",
seu alter ego baseado numa espécie de entidade do imaginário coletivo
do sertão nordestino inspirado nos "véios" Faceta, Cebola e
outros oriundos pastoril pernambucano.
Nos dois anos seguintes, Alceu Valença
radicaliza suas experimentações com os recursos eletricos e eletrônicos
disponíveis para fazer seu som universal. Em 84, lança "Mágico"
, um trabalho produzido na Holanda. Em 85, ele lança "Estação da
Luz", conciliando sintetizadores com com potes de barro, violinos
tocados como rabecas e os céleres metais em brasa do frevo pernembucano.
No LP "Mágico", gravado em Amsterdã, inspirado
nas ancestrais marcas da cidade de Olinda que foi colonizada por holandeses.
Valença se utiliza de recursos múltiplos da tecnologia, revisitando o
baião, o maracatu e caboclinho. O baterista e percussionista do grupo,
Jurim Moreira, evita computadorizar o zabumba, triângulo e agogô e Zé
da Flauta utilizando os fraseados melódicos das bandas de pínfanos abundantes
em sertão nordestino compõm a trama sonora.
Em "Estação da Luz", Alceu Valença
procura em revitalizar os sons regionais com seus intrumentos e climas
originais. Destaques desse tabalho, são os frevos "Chego já"
e "Bom demais" , sem a grandiloquência sonora das orquestras
de Recife, mas ao mesmo tempo sem estilização. Dispensa o flautista da
banda e os sons deste instrtumento são feitos pelo sintetizador de Márcio
Miranda e pela guitarra sintetizada de Paulo Rafael.
Como prova inconteste da sua ligação com
a cidade de Olinda, onde têm uma casa em estilo colonial desde 81, recebe
o títuilo de cidadão da cidade em 85. Meses depois toca na edição de 1985
do Festival de Varadero, em Cuba. Foi acompanhado pelo povo nas ruas e
seguido por cablocos, chocalhos do maracatu rural, a ema e o capitão do
bumba-meu-boi. Alceu foi vestido de caboclinho e assim compareceu ao plenário
da Câmara Municipal de Olinda.
Em 86, grava um disco irregular, "Rubi",
que além da faixa-título, um lamento com ambiência de arranjos modernos,
nada de maior relevo se destaca. Neste trabalho ele dividiu os dois lados
do LP de forma conceitual: o lado 1, é o lado rubi, numa referência à
boemia das grandes cidades como o Rio, São Paulo e Nova Iorque; o lado
2, é o das referências da natureza, algas-marinhas, praias, coqueiros
e esmeraldas dão cor a sua sinestésica poesia. Dessa forma, Alceu confirma
seu carárter cosmopolita agregado às suas raízes pernambucanas.
Rubi álbum contêm reggaes, rocks e blues.
Presentes em todas as faixas, as bases rítmicas do maracatu, emboladas
e cocos. Um dos destaques do disco é o galope Mar de Amor Menina, do primo
poeta, Bubuska Valença.
No ano seguinte, Alceu dá a volta por
cima e lança o álbum, "Leque Moleque", um disco diversificado
dentro da discografia do artista, música de umbanda, rock, xote, fado,
reggae, canções românticas e canções de crítica social. Uma das canções,
Quando Eduin descer a ribeira é uma homenagem a um percussionista que
toca nas ruas de Olinda.
Das gravações de alguns shows realizados
no Rio de janeiro em 88 durante a turnê de "Leque Moleque" surge
o álbum "Ao vivo 2" que traz composições consagradas do repertório
recente de Alceu Valença - como "Maria Sente" e "Romance
da Bela Inês". O destaque vai para "Na porta dos Cabarés"
, lamento cantado em sextilha do rabequeiro cearense, Cego Oliveira. e
a inédita "Oropa, França e Bahia". Esta última, poema do tio
de Alceu, Geraldo Valença e de Ascenço Ferreira, em tom épico luso retrata
em , parte da epopéia de formação do povo brasileiro.
Em 90, lança o CD "Andar, Andar"
que reflete o momento da vivência carioca de Alceu Valença na Zona Sul
do Rio de Janeiro, principalmente, na faixa-título que é um blues com
os vocais renitentes de Alceu. Na letra, Alceu decanta um popuco da sua
vivência boêmia pelas ruas do Leblon e de Ipanema sob a pontuação da guitarra
elétrica de Paulo Raphael.
Participa do Rock in Rio II, em 91, e
tem seu show escolhido como um dos melhores da apresentação. Motivado
pela recepção resolve procurar o produtor norte-americano que morou 20
anos em Pernambuco - Arto Lindsay - para gravar um disco no mercado internacional.
O álbum "Paixão" foi seu primeiro trabalho a ser lançado nos
Estados Unidos, Europa e Japão simultaneamente. Traz o sucesso Paixão.
Em 92 ele lança o álbum "Frevos,
Maracatus e Olinda", que traz um som mais acústico ancorado no trio
violão, viola e cabaça (percussão). Do álbum sai o hit, "Bicho Maluco
Beleza" numa homenagem a um bloco carnavalesco de Olinda. Em 94,
Alceu lança o álbum "Sete Desejos" que segue com a linha mais
acústica. A canção La Belle de Jour sucesso de ponta-a-ponta no país,
inclusive tendo carro-chefe da novela da Rede Globo, Renascer. Além dessa,
destaque para o forró Meu forró é meu canto.
Entre 95 e 96, Alceu Valença busca estimular
a propagação da música brasileira no exterior através do projeto "Novo
Tempo" que levou diversos artistas - como Gilberto Gil, Geraldo Azevedo,
Daniela Mercury - para realizar shows em Paris, Londres, Milão e Frankfurt.
Ainda em 95, reúne Geraldo Azevedo, Elba Ramalho e Zé Ramalho para uma
série de shows intitulado "Grande Encontro" cujo repertório
trouxe Coração Bobo em duo com Zé Ramalho com direito a improviso de versos
em desafio. A reunião do quarteto gerou o um CD homônimo, tendo continuação
mas já sem Alceu Valença.
Já sendo considerado um percussor na união
das raízes nordestinas e a música pop, Alceu passa a ser referência para
a nova geração de artistas pernambucanos da cena manguebit (Chico Science
e Nação Zumbi, Mundo Livre SA, Mestre Ambrósio e Jorge Cabeleira), Alceu
retruca ser apenas um aprendiz, revelando que o movimento ter servido
para abrir muitos outros caminhos dentro da música nordestina.
Para fazer um resumo dos seus 25 anos de
carreira, Alceu lança o CD "Sol e Chuva" que reúne versões semi-acústicas
com novos arranjos para suas canções como Anunciação (do LP "Anjo
Avesso"), Solidão (do LP "Mágico"), Pelas ruas que andei
(do LP "Cavalo de Pau") e outras. Ele gravou as canções O ovo
e a galinha e Cana-Caiana do seu LP "Saudades de Pernambuco".
No ano passado, Alceu faz um álbum para celebrar o forró, em função dos
festejos de São João.
Alceu quis reunir num único trabalho composiçõs
mais afeitas ao forró e suas variações, uma vez que faz shows no Nordeste
desde 80 seguindo a trilha das festas juninas. Neste CD "Forró de
todos os tempos", Alceu traz o forró de todos os gostos de Jackson
do Pandeiro a Luiz Gonzaga, de Aracílio Araújo a Don Troxo. Ele mistura
baião, xote e coco. O cantor pernembucano Lenine aparece em Forró de Olinda
de autoria de dois forrozeiros tradicionais, João de Lima e Aracílio Araújo.
Alceu traz cinco composições suas, como o Canto da Ema. O ápice do CD,
se dá em Coco do Rala Coco, que tem as participações da Banda Rala Coco
e Aurinha com Naná Vasconcelos na percussão.
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