O mês de abril de 2014 começou muito mal. A notícia foi a pior possível. É de se lamentar profundamente o passamento de Clávio, meu amigo de infância nos anos dourados em São Bento do Una.
Desde aqueles tempos, Clávio já era um idealista, um líder nato, uma inteligência fulgurante, tanto que fazíamos da garagem de dona Maria Maciel a redação do jornalzinho mimeografado chamado a "A voz do Una" que algum sucesso alcançou nos meios intelectuais são-bentenses do Una, sendo até elogiado por Sebastião Cintra, um artista sempre muito caprichoso na arte de escrever.
Clávio era o redator-chefe, fundador do jornalzinho, e Maurício Maciel, Cadoca Cintra, João Tadeu e eu os colaboradores. Clávio sempre enalteceu nossa São Bento do Una e isso o fez muito bem em artigos publicados na imprensa do Recife, de modo especial no Jornal do Comércio, onde, vez por outra, éramos brindados com seus interessantes artigos na página de opinião.
Um grande homem se foi e nosso Estado de Pernambuco fica mais pobre intelectual e juridicamente. Ele era insubstituível na maneira engraçada de contar as histórias de nossa gente, tendo lançado, no Museu do Estado, em 16 de dezembro de 2010, o livro ?Interiorano?, composto de 13 contos.
Em sua homenagem, publico a sua certidão de batismo, extraída do Livro de Batizados n° 37, folhas 186 verso, da Paróquia do Bom Jesus de São Bento do Una:
"871 - Aos 22 de junho de 1941, na Matriz, batizei com os santos óleos a CLAVIO, nascido em 24 de maio de 1941, filho legítimo de Alfeu Alves Valença e Maria Giselda de Melo Valença. Padrinhos: Alceu Alves Valença e Genezia Souza Valença. Pe. João Rodrigues de Mello, vigário".
Ao irmão Alfeu de Melo Valença e demais familiares, apresento meus sentimentos por tão grande perda, mas por outro lado me sinto aliviado porque as dores e o sofrimento de Clávio cessaram. Uma figura como ele, amiga, solidária e admiravel não deveria ter sofrido o que sofreu.
Pernambuco, e de modo especial o Recife e São Bento do Una, estão de luto.
P.S. - No calor e agonia do momento do recebimento da infausta notícia, esqueci-me de dizer que Clávio foi um excelente compositor de frevos, com letras de uma poética primorosa e sentimental.