Gilvan Lemos fala um pouco de sua vida
Gilvan de Souza Lemos, ou o nome literário, Gilvan Lemos.
Nascimento: 1º de julho de 1928, na cidade de São Bento do Una
"Fiz
apenas o curso primário. Curso secundário só para os filhos de fazendeiros,
em internatos, o que não estava ao alcance da bolsa de meu pai. Aos quinze
anos de idade empreguei-me numa fábrica de laticínios (posteriorimente
cenário do meu primeiro romance "Noturno sem Música"). O ordenado era
gasto quase todo em livros de literatura que mandava buscar pelo Reembolso
Postal. José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Jorge Amado
e Lúcio Cardozo foram minhas primeiras descobertas literárias. Em casa
todos gostavam de ler romances, minha mãe costurava tendo sempre um romance
ao lado da máquina, que ela apanhava de vez em quando.
Mas, inicialmente, minha inclinação era
pelas histórias em quadrinhos. Desejava ser desenhista. Tinha minhas próprias
revistas, com historietas criadas por mim, página por página, desenhadas
em série. Meus heróis eram tipicamente brasileiros: desde aquela época
eu era fervorosamente nacionalista. A minha infância foi ainda marcada
por uma pertinaz doença dos olhos, conjuntivite, acho, motivo talvez de
ter-me tornado uma criança retraída. Essa doença e minha atividade editorial
estão presentes no romance "Jutaí Menino" (prêmio Orlando Dantas, no Rio,
e prêmio Olívio Montenegro, da UBE, em Pernambuco, ambos em 1962), que
não chega a ser autobiográfico, mas onde aproveito muitas coisas da minha
vida.
Quando decidi ser escritor, incentivado
por minha irmã mais velha, escrevia crônicas para o serviço de alto-falantes
da cidade e me tornei um consultor para assuntos literários da cidade:
pediam-me contos, crônicas, opiniões sobre livros e filmes. Aos dezessete
anos tive publicado meu primeiro conto, na revista "Alterosa", que eu
assinava, e que era editada em Belo Horizonte.
Em 1949, mudei-me para o Recife. Em 1956
foi publicado meu romance de estréia "Noturno Sem Música" com o qual obtive
o prêmio "Vânia Souto Carvalho" e consegui o segundo lugar num concurso
promovido pela Secretaria da Educação do Estado, prêmio que, quando nada,
valeu-me a aproximação com Osman Lins, que me ajudaria também aconselhando
a inscrever "Jutaí Menino" no prêmio Orlando Dantas. Embora sem grandes
sucessos, minha carreira de escritor foi-se tornando mais fácil. Fiz o
curso de Francês na Aliança Francesa e de Inglês no Curso Maia.
Em 1968, "Emissários do Diabo" me valeu
o prêmio "Othon Bezerra de Melo" da APL (Associação Pernambucana de Letras).
Em 1974, saiu meu primeiro livro de contos, "O Defunto Aventureiro", que
havia obtido menção honrosa no prêmio José Lins do Rego (1965). Em 1975,
"A Noite dos Abraçados", novelas, e "Os Olhos da Treva", romance. Finalmente,
em 1976, "Os Que Se Foram Lutando", contos, e o romance "O Anjo do Quarto
Dia", que recebeu o prêmio Érico Veríssimo de 1981.
Atualmente, estou aposentado pelo INSS.
Tenho 18 livros publicados e vivo exclusivamente para ler e escrever,
aliás o que sempre quis na vida. Sim, jamais uma profissão liberal me
fascinou. O que eu sempre quis de fato foi ser escritor, escritor e escritor."
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