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Coluna 21: Brasil, potência mundial em 2020

Publicada dia 14 de Janeiro de 2006

Brasil, potência mundial em 2020

Um relatório divulgado em 2005, pela Central Intelligence Agency (CIA), o serviço de informações dos EUA, assegura que o Brasil será potência mundial por volta de 2020. Os fundamentos econômicos plantados nos primeiros anos do século XXI permitirão que o Brasil se torne um celeiro mundial, fornecendo grande parte das proteínas animal e vegetal de que o mundo necessita. Além do mais o Brasil vem a pouco e pouco desenvolvendo e sofisticando o seu parque industrial, notadamente no que diz respeito á indústria aeronáutica, onde a Embraer desponta como estrela de primeira grandeza.
A produção de software e computadores fará com que tornemos um grande exportador de produtos de alto valor agregado.
A indústria automobilística brasileira tem suprido grande parte do mundo com produtos de alta tecnologia, mas é necessário que o Brasil exporte produtos de menor peso e com maior preço relativo no mercado internacional. Vemos o aumento das exportações brasileiras como uma oportunidade ímpar de o País se firmar como grande fornecedor de produtos de alta qualidade, além de produtos agropecuários.
A prova da aceitação dos nossos produtos e o fato de que, mesmo com o dólar desvalorizado frente ao real, o saldo das exportações de 2005 superou todas as expectativas. Acumulou a fabulosa quantia de mais de 44,7 bilhões de dólares, um recorde espetacular e motivo de justo orgulho para todos nós, brasileiros, que podemos sonhar com um futuro sem essa sufocante dívida externa e interna que impede os governos de investir nas famílias mais carentes, e com tal providência darmos inicio ao resgate da grande dívida social que o País tem com povo brasileiro, como já defendia Teotônio Villela na década de 1980.
O comércio exterior brasileiro já ultrapassou a um por cento de todo o comércio mundial e tem tudo para continuar crescendo, aproveitando o bom momento que vive a economia mundial. Recentemente, o Brasil deu uma demonstração de pujança e maturidade ao liquidar, antecipadamente, a dívida de mais de 15,5 bilhões de dólares que tinha com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e em breve estará liquidando os seus débitos com os países integrantes do Clube de Paris no valor de 2,7 bilhões de dólares.
O Banco Central certamente começará a diminuir a taxa de juros para que o País tenha um crescimento do PIB maior. O Brasil, como se vê, está bem próximo do “investiment grade” que nos possibilitará empréstimos a taxas mais generosas. O chamado Risco-Brasil despenca a olhos vistos estando próximo dos 250 pontos, o que ainda é elevadíssimo em relação a países como Peru e Colômbia que não têm o potencial da economia brasileira.
Em paralelo ao grande progresso experimentado pela nossa economia, tornando o real uma das moedas mais valorizadas do mundo, mister se faz que País promova as reformas econômicas e políticas de que se fazem necessárias para que o dinamismo do seu comércio exterior se torne uma realidade duradoura. É preciso que reformemos nossos costumes políticos e que o povo tenha mais responsabilidade na hora de escolher os seus representantes. É necessário que elejamos executivos fortes com maioria congressual para que fatos desabonadores como os da compra de votos para votar projetos de interesse do governo e da sociedade seja apenas uma página cinzenta do passado.
É preciso que continuemos a aperfeiçoar nossas universidades, dotando-as dos recursos necessários à pesquisa, pois o País sente sede de profissionais de diversos níveis. Também se faz necessário o reforço do ensino médio e fundamental, bem como da pré-escola, para que o País consiga sair da vexatória colocação em que se encontra em relação a outros países.

Será que teremos o privilégio de ver este País superando todas as suas mazelas: corrupção, desvio de recursos públicos, nepotismo, licitações fraudulentas e dirigidas, liminares expedidas por juízes de qualquer comarca do interior determinando a saída de combustíveis sem o pagamento dos tributos (ICMS, PIS, Cofins), venda de sentenças, políticos envolvidos em todo tipo de ilicitude com vistas a assaltar os cofres públicos, pobreza extrema, péssima distribuição de renda, instabilidade política com partidos de fachada? Falta, também, o empenho dos legisladores, juízes e altos funcionários do executivo em dotar o país de um projeto nacional de desenvolvimento social.
Queremos uma Polícia Federal composta por elementos de alto nível e que nos próximos concursos se leve em consideração o fator idoneidade moral do candidato a delegado ou a outras funções dos seus quadros. Episódios como o sumiço do dinheiro e da droga apreendida por agentes da Superintendência do Rio de Janeiro, em 2005, não se repitam porque depõe contra uma organização respeitada, mas que precisa extirpar dos seus quadros os elementos desqualificados do ponto de vista moral. Não se deve exigir apenas o preparo físico e intelectual, mas também a origem do indivíduo e da sua família. Do contrário seremos obrigados a admitir a criação de outra polícia para fiscalizar a própria Polícia Federal.
Se para os britânicos, produtos como a cana-de-açúcar e seus derivados farão do Brasil a maior potência agrícola e exportador de álcool para misturar com outros combustíveis, daqui a dez anos, fico mais tranqüilo, pois os povos da Grã-Bretanha têm experiência, vez que em matéria de desenvolvimento foram os precursores da Revolução Industrial.
Outra esperança para a redenção do nosso povo será o aproveitamento do semi-árido para a produção de mamona e conseqüente produção de óleo para mistura com o diesel. Assim, qualquer propriedade do interior nordestino poderia se transformar em produtor de mamona, cultura de fundo de quintal cercado, aumentando dessa forma a renda de muitas pessoas que no futuro poderiam abrir mão de eventuais benefícios pagos pelo Governo. Nesse sentido, a transposição das águas do Velho Chico, com a retirada de 1,5% de sua vazão ao desembocar no mar, também ajudará a melhorar a qualidade de vida daqueles abnegados que sempre relutaram em deixar suas terras por mais áridas e esturricadas que sejam.
Que alcancemos a invejável condição de potência mundial antes de 2020, mas que desde já promovamos a melhoria na educação em todos os níveis e uma distribuição de renda mais justa para que possamos ter uma vida melhor e mais segura. É chegada a hora de deixarmos de ser o País do futuro para sermos o País do presente!

Pau Amarelo PE 14 de janeiro de 2006

Orlando Calado é bacharel em direito.

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