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Coluna 236: Cadê as coisas que deixei?

Publicada dia 20 de Junho de 2016

Cadê as coisas que deixei?

Dedico a Amaury Moraes (Liu Pacheco)

A Banda Musical Santa Cecília é um milagre ter sobrevivido, a duras penas, de tanta incompreensão derivada da política velha de pequenez a toda prova, mas muitas coisas se dissiparam na noite dos tempos, senão vejamos:

CADÊ AS COISAS QUE DEIXEI?

Com efeito, analisando com isenção de ânimo, nossa cidade regrediu em muita coisa. Aqui, tento fazer uma enumeração das coisas que meu pai e eu deixamos, ele porque já faleceu e eu porque tive que desertar de minha terra em busca de melhores perspectivas de vida já que nossa urbe era pobre de emprego e de estudo.

Cadê a pensão de seu Ernesto Teixeira, pai de Jurandir e de Zé Maria?
Cadê a pensão de Antônio de Lalau?
Cadê o Lux Bar, de Jefferson Raimundo?
Cadê o Cine Teatro Rex, que depois, por determinação de Heronides Borrego, passou a ter o estranho nome de "Plaza"?
Cadê a sede do Comércio Futebol Clube, fundado por Joaquim Gomes da Silva (Joaquim de Ana)?
Cadê o bangalô de Quinca Lelê e depois de Zé Manso, seu filho? Foi derribado para a abertura de uma rua sem nenhum movimento. Essa casa tinha sido abrigo de governadores quando nos visitavam, mas não, acharam que não tinha nenhum valor nem histórico nem arquitetônico e a casa foi para o beleléu.
Cadê o Tiro de Guerra 44?
Cadê o Grupo de Escoteiros de São Bento?
Cadê o Grupo de Teatro da Igreja matriz, fundado pelo padre Luna?
Cadê o Grupo de Teatro de Amadores, fundado por Getúlio Valença?
Cadê a serafina do coro da Matriz do Bom Jesus?
Cadê o sino da Matriz, famoso pelas nove badaladas que indicavam à criançada que era hora de ir para casa?
Cadê o prédio da primeira prefeitura que depois serviu de Câmara Municipal de Vereadores e depois escola municipal e que foi demolida para a colocação de uma cancerígena antena de telefonia móvel em pleno centro da cidade quando a melhor localização seria no serrote Santa Cruz?

Cadê o prédio da prefeitura em estilo arquitetônico "art déco", construído pelo prefeito Manoel Cândido e por muito tempo um orgulho municipal?
Cadê a casa da esquina da Praça da Matriz com a Rua General Siqueira e que foi a sede do primeiro clube chamado “União”, fundado por Getúlio Valença, e depois sede do Comércio Futebol Clube, fundado por Joaquim Gomes da Silva (Joaquim de Ana)?
Cadê o prédio original do União Sport Club, fundado e consolidado pelo então jovem e intimorato médico, Dr. Adelmar, primeiro são-bentense nato a ser laureado com um diploma de medicina?
Cadê o Café Guanabara que depois foi o cartório de Délio, agência do Bradesco e sede de bloco carnavalesco?

Cadê a casa seguinte ao lado da que foi de Osvaldo Maciel, onde nasceu o insigne são-bentense, Leone Valença, e que foi construída por Abílio da Silva Costa, antigo farmacêutico e delegado de polícia?
Cadê a sede original da Banda Santa Cecília cuja frente tinha um formato de lira, ideia do homem de sete instrumentos que foi Liberato Siqueira?
Cadê o Bar de Doutorzinho e ao lado o bar de Salvador que Teócrito Duperron denominou de “Querubim Bar”?
Cadê os Serviços de Alto-falantes do União (SAU)?

Cadê os Serviços de Alto-falantes “A voz de São Bento do Una” (SAS)?
Cadê o Bar de Afonso Bode na esquina do Beco do Açougue, mais conhecido como Beco de João Honório?
Cadê a padaria de Pedro Saturno?
Cadê a oficina de consertos de Zé Relojoeiro?
Cadê a Fábrica de Laticínios Castelo, localizada nos Terreiros?
Cadê a Fábrica de Laticínios Boa Vista, localizada nas imediações do açude Velho?

Cadê a Mercearia Cadete, maior no gênero em São Bento.
Cadê a venda de Manoelzinho de Souza?
Cadê a tenda de sapateiro de Laurindo Pereira?
Cadê o armazém de Zeca Terto?
Cadê o armazém de Guirra?
Cadê o armazém de Alfredo Cintra?
Cadê a loja de tecidos de Aprígio Santos?
Cadê a venda de seu Aníbal Lemos?
Cadê o Bar e Sinuca de Zezé Cascão?
Cadê o armarinho de João Araújo?

Cadê o “Sete Ranchos”?
Cadê o “Buraco do Tatu”?
Cadê a “gelada” de Antônio de Senhorinha?
Cadê as fubicas de praça de Zé Pacheco, Bastim, Afonso Bode e de outros?
Cadê os banheiros de dona Ernestina Costa que ficavam próximos ao açude do Doutor Olavo?
Cadê ”A Miscelânea”, de Admour Barbosa Maciel?
Cadê a Farmácia São Bento?
Cadê a Farmácia do Povo?
Cadê a Casa Osvaldo Maciel?
Cadê a funilaria de Zezé Gordo?
Cadê a Mercearia e Vidraçaria "Esperança em Deus", de José Manso da Silva, inventor da "A Moreninha", bebida que era capaz de derrubar um bloco de carnaval inteiro?

Cadê a casa em que nasceu Gilvan Lemos, hoje uma lojinha de aluguel de motos?
Cadê a “Vila Mariá”, casa onde nasceu o oftalmologista de fama mundial, Dr. Clóvis Paiva?
Cadê a "Casa Antiga"?
Cadê o campo de pouso da Fazenda Agra?
Cadê o Hipódromo Bela Vista que ficava na Rua do Prado, hoje Joaquim Nabuco?
Cadê a “Gazeta de S. Bento”?
Cadê os jornaizinhos: “O Grongonzo”, “A Voz do Una”, “O Ginásio”, a “Tribuna do Povo” e tantos outros que ficaram na poeira dos tempos?
Cadê o açude do Doutor Olavo Crespo?
Cadê o açude do “Missionário”?
Cadê a capelinha de Santo Antônio que ficava nas imediações da casa de Guirra?
Cadê a garagem de Zezé Gordo?
Cadê a casa de Jerônimo Barbeiro?
Cadê a carpintaria de seu Brasa?
Cadê a garagem de Luiza Bispo onde eram realizados os bailes populares com grande animação e ordem?
Cadê o Açougue Público substituído por uma coisa dita moderna e mal feita e com a mesma sujeira de sempre?
Cadê o bar "Certanejo", com "C", de Maria Queiroz, que ficava um pouco acima do "União" onde se ia comer tripa de porco frita como tira-gosto da excelente cachaça da Fazenda Cadeado?
Cadê a casa onde nasci ao lado do Grupo Velho, demolido, hoje Banco do Brasil?
Cadê a organizada Banda Musical Santa Cecília com sua antiga sede hoje um estacionamento de um sindicato?
Cadê o campo de futebol chamado "Stadium Joaquim Gomes da Silva" no caminho de Capoeiras?
Infelizmente, não se tem nenhuma resposta para todos esses "cadês".
Hoje, estamos erigindo uma cidade de prédio caixão de duvidoso gosto arquitetônico. Urge providências no sentido de debelar essa descaracterização doentia.
- É, como se diz, o "pogréço", amigos e amigas, que destruiu e continua destruindo o esforço dos nossos antepassados.

...
Comentários:

Vilma Araújo - Concordo com você Orlando. Destruir o prédio da Prefeitura foi um crime que não tem perdão. Quando vou a São Bento, também sinto falta de muitas coisas que eu gostava muito e não existe mais. O coreto original da praça, o cinema, a casa que tinha a inscrição “Vila Mariá”.

Amaury Moraes - Vilma, a mãe de Marina é também minha mãe, se chamava Autina.

Vilma Araújo - Amaury, eu sou filha de Misael Frutuoso. Ele sempre comentava que dona Autina era parenta dele por parte da família Moraes.

Orlando de Almeida Calado - Amaury e Vilma, nossa São Bento era pequena, mas tinha muitas atrações e nós éramos crianças felizes naquele nanouniverso interiorano. A infância é uma das coisas mais interessantes porque fica na nossa memória as passagens marcantes para todo o sempre. É evidente que não alcancei muita coisas que citei, porém ouvi de mais antigos coisas como a arquitetura do chafariz do largo da Matriz e que foi demolido. Não citei o Mercado Público que não alcancei. Deixei de citar a feira de gado onde os circos se apresentavam. A praça pública foi privatizada e hoje se chama largo Maria Maciel e onde se construiu um mercado de farinha e outros produtos.

Vilma Araújo Lamentável.

Pau Amarelo PE 20 de junho de 2016

Orlando Calado é bacharel em direito.

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