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Coluna 212: Considerações várias sobre uma pequena cidade

Publicada dia 14 de Julho de 2013

Considerações várias sobre uma pequena cidade

Não se deve comparar o Brasil, com essa sua imensidão subcontinental e seus ingentes problemas de natureza estrutural, mormente no campo do desenvolvimento social, com o pequenino Uruguai que é como se fosse, para nós, uma grande fazenda nas coxilhas bastante planas e com uma população diminuta e, de certa forma, menos vulnerável,do que a nossa, constituída em sua grande maioria por pessoas carentes que dependem da ajuda governamental para ter uma vida mais digna e com isso poder proporcionar a seus filhos a escola.

Sim, a Escola como única instituição capaz de salvar as pessoas da miséria e da ignorância. A educação, sem adjetivos, eleva o espírito e o raciocínio para as coisas de que, realmente, precisamos na nossa existência. Com a educação é que se consegue ascender socialmente através das diversas profissões liberais ou técnicas de escolaridade média.

São por estas e por outras razões que não se pode jamais comparar a cidade de São Paulo com uma pacata do interior do Espírito Santo como Conceição da Barra. Cidade grande, metrópole, máxime em países em via de desenvolvimento, não pode ser comparada a pequenas cidades, assim como pequenos países não podem ser comparados com grandes países continentais como Rússia, China, Índia e Brasil.

Como cidade pequena consideramos aquelas com até 100 mil habitantes na sua base territorial urbana e rural. São Bento do Una deve ter em sua sede municipal algo em torno de 28 mil habitantes. Então, quanto menor a cidade mais fácil é para o administrador acompanhar os seus problemas com o secretário municipal da área. Para mim, cidade pequena organizada é aquela que tem praças bem cuidadas até nas prolongadas secas. Suas calçadas são periodicamente inspecionadas, corrigindo-se eventuais buracos e desníveis.

O mesmo trato se deve ter com o calçamento que deve estar bem nivelado, sem afundamento e nas áreas asfaltadas este tem que estar sempre impecável. Cidade organizada tem placa com o nome da rua no início e no fim e dos dois lados. Se a rua for comprida, deve ter placas nos cruzamentos com outras artérias. Pelo visto, a confecção de placas deve custar muito caro ao erário municipal que deve ter outras prioridades.

No caso do Largo Municipal Maria Maciel, a família da homenageada mandou fazer as placas no Recife e as colocou nos quatro cantos do logradouro. Outra coisa importante é que se consultem os moradores da rua em caso de mudança de denominação, coisa que devia constar da lei orgânica municipal. O vereador deve ter este cuidado para que no futuro não encontre resistência por parte dos moradores que em última análise devem estar de acordo com a mudança caso o nome não seja um nome adequado com por exemplo Rua da Vara ou Rua da Lama. Em cidade pequena como São Bento do Una isto não é difícil e não se precisa contratar uma empresa especializada em pesquisa de opinião.

É só fazer uma relação e deixar o morador se expressar de modo democrático, sujeitando-se, evidentemente, ao desejo da maioria. Devem-se consultar os moradores da rua no caso de novos nomes ou no caso da troca de nomes. A vontade do povo deve prevalecer. O caso da Rua General Osório cujo nome foi mudado sem consulta e aquiescência dos moradores para Rua Maria José Cintra (Zezé Cintra, mãe de Cadoca), os moradores fizeram um abaixo-assinado e a rua voltou ao seu nome original (General Osório, herói de nossa cavalaria na Guerra da Tríplice Aliança). Os moradores da atual Rua Giselda de Melo Valença parece que não se conformam com esse nome que homenageia, com justiça, a professora paraibana mãe de figuras exponenciais como Clávio e Alfeu de Melo Valença.

Quando fotografando a rua, perguntei o nome a vários moradores, eles foram unânimes em dizer que a Rua era a Martins Fontes (se não me falha a memória). Toda cidade brasileira que se preza reserva algumas ruas para homenagear figuras importantes da nacionalidade. Em Garanhuns, temos logradouros com nomes como os de: José Mariano, Duque de Caxias, Marechal Deodoro, Dantas Barreto, Rui Barbosa, Manoel Borba, Barão do Rio Branco, João Pessoa, Getúlio Vargas. Em São Bento, tiraram o nome do marechal Deodoro e botaram o do cônego João Rodrigues (o nome dele ficaria melhor na Praça da Matriz). Tiraram o nome do Duque de Caxias e botaram o de Arnaldo Costa. Nada contra Arnaldo Costa mesmo porque meu melhor amigo de infância e de sempre foi seu filho Jaime. Puxa, tudo isso com mais de duzentas ruas sem nome e identificadas por números.

Um vereador tentou mudar o nome da Avenida Manoel Cândido, mas não conseguiu porque o ignorante que propôs tão insana medida não sabia nada sobre a história da cidade. Há pouco tempo, ressuscitaram uma múmia conservadora que nunca soube da existência de São Bento e botaram placa de Rua Tancredo Neves no lugar da de João Pessoa que também não era flor que se cheirasse.

Não sei nem quero saber quem deu o nome de Osvaldo Maciel ao feioso prédio atual da prefeitura. Para quem conhece o mínimo, como eu, da história municipal de São Bento do Una, o certo seria Manoel Cândido o homem que deu início ao processo de modernização de São Bento e que fez em pouco mais de ano e meio uma das mais brilhantes administrações que nosso município já conheceu e sem quase nenhum recurso senão a pequena receita corrente do município. Ele enfrentou grande resistência por parte de setores conservadores retrógrados que não queriam a demolição do feioso mercado municipal.

Fizeram até abaixo-assinado ao interventor Agamenon Magalhães, mas Manoel Cândido foi mais rápido e comandando, pessoalmente, trabalhadores braçais pôs abaixo o mercado, considerado por alguns como uma estribaria, uma vez que os matutos prendiam suas cavalgaduras nas argolas de ferro existentes ao longo do prédio e os animais vez por outra ali faziam suas necessidades naturais.

O comerciante e mascateiro Osvaldo Celso Maciel está bem homenageado com seu nome na avenida em que morou e em uma escola municipal às margens da rodovia PE-193. Maciel foi um excelente prefeito e, para tanto, contou com a inteligência aguda de Sebastião Soares Cintra, como primeiro e único secretário da municipalidade. As coisas tem que ter critério: morreu alguém que muito fez por São Bento? Então, só depois de cinco anos da morte é que se poderia homenagear o defunto.

Parece-me que em São Bento agora existe uma lei municipal proibindo a mudança pontual de nomes de rua na maior parte das vezes sem o menor critério. Cidade pequena e organizada tem que ser um "brinco" que encante seus moradores e as pessoas que transitam ou visitam nossa cidade. A receita é demasiado simples: praças e ruas rigorosamente limpas e bem cuidadas, feira ao ar livre bem ordenada e a feira de São Bento é uma potência que deve melhor ser organizada com barracas limpas e padronizadas e não com aquele "lixo" que fica exposto às intempéries lá para as bandas do cemitério municipal.

Cidade pequena é fácil de ser administrada.

Pau Amarelo PE 14 de julho de 2013

Orlando Calado é bacharel em direito.

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