Portal São Bento do Una - Orlando Calado - Uma breve visita à nossa querida São Bento do Una

Colunas

Cidade

Regional

Navegando: Indisponível

Coluna 76: Uma breve visita à nossa querida São Bento do Una

Publicada dia 07 de Abril de 2007

Uma breve visita à nossa querida São Bento do Una

Entre os dias 20 e 28 de março de 2007, estivemos em São Bento com o propósito específico de promover um levantamento de natureza genealógica, envolvendo elementos pertencentes à família "Almeida Calado", uma das precursoras do povoamento do município. Para tanto, ficamos praticamente adstritos aos registros paroquiais, em tempo integral, não nos sobrando tempo para visitarmos as autoridades municipais. Na Secretaria da Paróquia, tivemos a oportunidade de ver e consultar velhos livros de batizados, de casamentos e de óbitos que contam um pouco a história dos pioneiros que povoaram nossa querida cidade. Assim, aproveitamos o feliz ensejo para agradecer ao pároco, Padre José Bento de França e aos dedicados servidores da Matriz e, em especial ao jovem e eficiente secretário, João Paulo, pelo apoio, presteza e boa vontade em nos atender.

A paróquia do Senhor Bom Jesus dos Pobres Aflitos tem seus primeiros assentos a partir do longínqüo ano de 1853 e, de certo modo, ficamos surpresos ao nos depararmos com o assento de um parente às folhas 9, verso, do Livro de Batizados n° 1. Lá, está registrado o batismo de Manoel, de 10 dias de idade, realizado em 10/01/1854, sendo filho legítimo de Jacinto Ferreira Calado e de Maria de Almeida Calado, provavelmente primos entre si. Os padrinhos também eram parentes próximos: Francisco Jacinto de Almeida Calado e Josefa de Almeida Calado. Sempre tivemos a curiosidade de saber em que ano os nossos antepassados fincaram suas raízes no então denominado “Lugar de São Bento”. Para nos aprofundarmos em termos de data inicial do estabelecimento desses portugueses, em terras são-bentenses, tencionamos em outra oportunidade visitar a Diocese de Garanhuns para termos uma idéia de quando chegaram a Pernambuco.

Isto é apenas para provar que nossa família, originária do velho Portugal, perfilhou a terra são-bentense há muito mais de 150 anos. São Bento é nosso berço e disse muito nos orgulhamos. Lá, nasceram todos os filhos do lusitano Antônio Francisco de Almeida Calado e de Maria Cordulina de Almeida, a saber: Francisco, Maria, Jacinto, João, Gabriel e Luiz de Almeida Calado, todos também conhecidos pela alcunha “Cadete”, cujos motivos desconhecemos, embora saibamos que os filhos de Jacinto de Almeida Calado, e ele próprio, tiveram a alcunha Cadete adotada como nome de família. No entanto, a maioria dos "Almeida Calado" não adotou oficialmente o nome “Cadete”, embora como tal eram conhecidos. Em Portugal, através de pesquisas pela Rede Mundial de Computadores, tivemos a oportunidade de descobrir que a família "Almeida Calado" continua com seu sobrenome uno e indivisível, destacando-se entre eles figuras como o escritor Adelino de Almeida Calado e o servidor da Universidade de Aveiro, Orlando Manuel B. de Almeida Calado.

No decorrer do nosso levantamento em São Bento, deparamo-nos, por diversas vezes, com eventos envolvendo uma família “Cadete da Silva”, como batizados e casamentos, mas não podemos assegurar que esses “Cadete” tenham alguma coisa a ver com os “Almeida Calado”. Estes, via de regra, em batizados e casamentos, chamavam os próprios parentes para servirem de padrinhos.

Feita esta introdução, nas horas vagas da pesquisa, aproveitamos para percorrer a pé as principais ruas da cidades e fotografar os vários aspectos da vida quotidiana, entre eles algumas pessoas e a próspera feira do sábado, 24 de março de 2007.Temos, então, um quase completo registro fotográfico da urbe são-bentense, porém não tivemos tempo de fotografar a chamada “rua Nova” e o bairro do Iraque por absoluta falta de tempo. No entanto, em próxima visita, tentaremos documentar os novos bairros da cidade, ainda carentes de saneamento básico e, portanto, sujeitos à cólera e outras doenças, como aconteceu no final de 2004 e início de 2005.

Passados mais de dois anos da nova administração municipal, não vimos uma cidade bem cuidada. Os jardins da Praça Adalberto Paiva até que estão em razoável estado de conservação. De modo geral, a cidade ressente-se de uma arborização frondosa que proporcione conforto aos moradores em razão do calor dos dias de sol. Ainda remanescentes de administrações anteriores, em alguns locais existem árvores simplesmente decorativas, isto é, sem aquela função básica de nos fornecer sombra.

Muitas calçadas estão em mal estado de conservação. Em frente das antigas e tradicionais residências dos ex-prefeitos Osvaldo Maciel e Zé Cadete há uma buraqueira enorme. Ficamos tristes ao fotografar a frente da casa de Zé Cadete em completa decadência e a casa que foi de Osvaldo Maciel transformada em uma escola de formação de motoristas, com enormes letreiros sobre um amarelo de duvidoso gosto. O prédio conhecido como Cadeia Velha que tem sua lateral voltada para a Praça dos 18 do Forte de Copacabana hoje tem o seu térreo ocupado por bilhares e sinucas. Não vejo a hora de alguém chegar e derrubar a velha construção para erigir um desses prédios do tipo “caixão”, sem graça, como vemos pelas ruas da cidade. Agora, justiça seja feita, a casa que pertenceu a Guirra Morais está em bom estado de conservação graças ao empenho de suas filhas.

Vimos e fotografamos a velha casa de porta e duas janelas que por anos a fio serviu de agência do Correio, onde em tempos passados nossa cidade se comunicava com a capital através do telégrafo. A casa pode não ter nenhuma beleza arquitetônica, contudo deveria ser restaurada e preservada como prédio público histórico e com finalidade cultural. Também, observamos que o sobrado que fica ao lado da torre da Igreja-Matriz também sofre a ação do tempo. Hoje, o prédio voltou a ser a sede da Banda Musical Santa Cecília. Igualmente, esperamos que seja restaurado e que não venha abaixo, como abaixo foi a romântica Prefeitura e Forum dos nossos tempos de criança. Igualmente, vimos e fotografamos descaracterização do tradicional União Sport Club, agremiação da qual nosso pai, Luiz de Almeida Calado (1882-1968) e tantos outros criadores são-bentenses foram sócios remidos e cuja inauguração, segundo consta, se deu pelos idos de 1937.

O prédio da antiga Cooperativa, na Rua João Pessoa, sofre a ação do tempo. Pareceu-nos, aparentemente, sem nenhuma utilidade a não ser servir de mural para propaganda eleitoral. E por falar em propaganda eleitoral, muitos muros, pela cidade inteira, ainda estão emporcalhados com propaganda eleitoral das eleições de 2004 e 2006. Uma brincadeira em desrespeito as leis de propaganda eleitoral. Visitamos aquilo já foi o açude do “Doutor” e vimos canos de esgoto a lançar porcarias no leito do riacho que vai dar no rio Una, quando o correto seria em fossas próprias. Na antiga “Barragem”, observamos uma vacaria próxima ao leito do rio. Na nossa meninice, havia, no local, um poço onde os meninos se divertiam quando havia enchente. Hoje, o leito do rio está completamente degradado. Vimos, em outra oportunidade, o açude Velho em completo estado de degradação, com uma olaria bem próxima, para a nossa tristeza e o desencanto de Leone Valença que gostava de se banhar no poço da Negra.

Andando um pouco mais, no caminho de Lajedo, chegamos ao restaurante Pedágio e a seguir à obra da Escola Estadual Nova São Bento do Una. Pelo que nos informaram, esta unidade vai receber os alunos da Escola Lenita Cintra. Só ficaremos com pena dos alunos que moram no centro da cidade e adjacências e que não disponham de condução, uma vez que terão de enfrentar uma enorme e acentuada ladeira pela Rua João Pessoa afora, com o sol ardente do meio-dia. Esperamos que eles não cheguem às salas de aula famintos a ponto de não se concentrarem nos ensinamentos. No antigo prado de São Bento, há um excelente e plano terreno que poderia ter sido desapropriado a bem do interesse público para servir de sede à nova escola estadual. Ora, disseram-nos que o proprietário do terreno não o vende de jeito nenhum. Então, para um caso desta natureza prevalece o interesse público e a desapropriação seria a solução.

Através de amigos, havíamos tomado conhecimento de que o centro da cidade estava com o calçamento completamente coberto de asfalto. Realmente, apenas uma parte recebeu uma camada asfalto, porém o serviço não ficou de primeira ordem. Como a superfície ficou clara, é bem provável que pouco asfalto tenha sido utilizado na liga. Em Garanhuns, o serviço foi de primeira e todas as ondulações do calçamento antigo foram resolvidas. O asfaltamento de parte de São Bento não ficou bom além de ter ficado incompleto. Na parte que não recebeu a solução asfáltica, o calçamento está com ondulações que dificultam o pedestre. Os canteiros centrais das Avenidas Osvaldo Maciel e Manuel Cândido não apresentam tratamento paisagístico. Como, talvez, não plantem grama em razão da sua difícil manutenção, seria de bom alvitre que esses canteiros fossem cimentados para maior conforto dos pedestres e dos feirantes.

Fotografamos a feira do dia 24 de março de 2007 e vimos que ela precisa de um melhor ordenamento. As barracas deveriam ser dispostas em linha reta, deixando passagem para o público. Do jeito que estão dispostas, mais parecem um mercado persa da antiguidade. Em todas as cidades mais orgnizadas do Brasil, as barracas são uniformizadas para um melhor ordenamento e estética. Desarmada a feira, vimos e fotografamos, depois, num terreno baldio próximo ao cemitério um monte de velhas, enegrecidas e surradas barracas dos feirantes ao relento.

Na cidade, tomamos conhecimento de que, nas escolas municipais, será implantada a cadeira de “História de São Bento do Una” que tratará dos aspectos históricos e econômicos do município. Trata-se de excelente iniciativa que poderá ser estendida às escolas estaduais, mediante entendimento. Aproveitando o ensejo, sugerimos aos edis são-bentenses que elaborem e votem uma lei que venha a proteger as nossas poucas edificações históricas e que casos como a demolição da antiga prefeitura e a descaracterização do União Sport Club não mais venham a acontecer. Assim, ficariam sob a proteção municipal, entre outros, os sobrados da antiga Casa Osvaldo Maciel, da Cadeia Velha e o que fica ao lado da torre da Igreja-Matriz. Casas como as de dona Emília Siqueira, de Osvaldo Maciel, Zé Cadete, Guirra, bem como a Padaria Sertaneja ficariam a salvo da demolição, como ocorreu com a histórica casa de Zé Manso que veio abaixo para abrir uma rua sem grande importância. Nela, várias autoridades do governo de Pernambuco se hospedaram, destacando-se a figura de Agamenon Magalhães, uma das figuras políticas de maior brilho nos anos 1930 e 1940. A “Vila Mariá” de seu Nô Paiva também foi descaracterizada.

De maneira geral, a cidade mantém bom aspecto, mas precisa cuidar melhor das calçadas esburacadas, do calçamento desnivelado e dotar as ruas, praças e avenidas de árvores que realmente dêem sombra e amenize o calor. Também, deveria a municipalidade envidar esforços com vistas a dotar as ruas da cidade de placas indicativas dos nomes dos logradouros. As poucas que existem estão em péssimo estado como a placa indicativa da Rua José Cadete e a da Rua Duque de Caxias, na Barriguda. Alguém nos disse que várias ruas tinham suas placas fixadas em postes nas esquinas, porém foram destruídas pelos vândalos moderninhos. Para evitar esse inconveniente, as placas devem ser fixadas na parede das edificações de esquina. A Prefeitura pode até abrir licitação para que as placas tenham patrocinadores, evitando-se, assim, gastos por parte do tesouro municioal.

São Bento é uma cidade pequena e aconchegante, contudo precisa que suas ruas centrais tenham um melhor tratamento para satisfação de todos que a visitam e de seus habitantes. E essas providências não custam tanto. É preciso que o administrador municipal ande a pé pelas ruas da cidade, com lápis e caderno na mão, anotando os problemas e irregularidades para depois cobrar a quem de direito, como fazia o saudoso prefeito Manuel Cândido de quem sempre ouvimos dos mais velhos as melhores referências.

É isso aí.

E-mail:

[email protected]

Pau Amarelo PE 07 de abril de 2007

Orlando Calado é bacharel em direito.

Colunas anteriores: